Por: Anildo Barbosa Sarinho
Cleiton José de Melo Ferreira
No
seu inicio Roma não tinha uma sociedade sofisticada, sua cidade era pequena e
de pouca notoriedade, apresentando características de sociedades tribais. Sua
estratificação social era feita a partir de pequenas elites que concentravam
poderes políticos e de alguma forma contribuíam para a instituição de uma
sociedade organizada, era uma divisão social que dava destaque a uma
aristocracia cujas suas tradições tinham uma organização com características
arcaicas.[1]
Os
que formavam a parte “rica” da população
eram os patrícios, que representavam
os chefes de família das camadas elitizadas e dentro desse grupo existiam clãs
primitivos (tribos) nos quais os patrícios
faziam parte de destaque, e dentro deles formavam-se as gentes (sobreviventes de um estado social muito antigo próprio de
povos indo-europeus) gozando da maioria dos poderes políticos eles tinham
assento garantido no Senado (conselho
dos anciões que tomavam grande parte das ações políticas figuradas pelos
patrícios). Essas pessoas na maioria das vezes se apoderavam de terrrias para
assim ter poder e chegar aos níveis sociais que eles alcançaram, nessas
propriedades rurais eles se dedicavam, sobretudo a criação de animais. Já a
parte majoritária da população e com muito menos recursos, os plebeus eram
homens livres, porém não tinham direitos políticos, esses homens se juntavam
aos patrícios e com essa união passavam a ser chamados de clientes, fazendo
isso os plebeus receberiam ajudas e proteção dos ricos e em troca teriam de
estar dispostos a obrigações definidas pelos seus patrões. E enquanto os patrícios
estavam mais ligados a criação de animais os plebeus eram mais voltados à
agricultura. Além desses existam também os escravos, que eram na maioria das
vezes pessoas prisioneiras de batalhas, que quando vencidos ficavam a
disposição dos vitoriosos como parte da punição pela derrota.
No
tocante a religiosidade, os patrícios saiam também na frente das outras camadas
sociais, pois eles tinham o poder de conhecer os auspícios, com esse recurso eles interpretariam a vontade divina
sem a interferência de um sacerdote, fazendo com que os poderes públicos
caíssem sempre nos colos dos patrícios, uma vez que só podiam fazer algo dentro
da sua região se realmente houvesse um laço entre a vontade do povo e o
entendimento com os deuses. Com isso os patrícios teriam o direto de
reivindicar o domínio das magistraturas.
Com essa pratica os plebeus ficavam totalmente a parte das decisões do poder
público, não satisfeitos eles também lutavam por seus direitos, até
posteriormente conseguirem fazer secessões a estes que estavam no controle,
ganharam direitos como a obtenção dos magistrados plebeus, encarregados
justamente de protegê-los contra os abusos dos demais, e também o colégio dos
tribunos da plebe, os tribunos eram homens que ganharam poderes muito extensos
e tinham o direito de vetar ou impedir a ação de outros magistrados.
Ainda
dentro do contexto social romano, existia também e com grande destaque o Rex,
uma espécie de grande organizador social daquele tempo, ele regia as tarefas de
juiz, sumo-sacerdote, legislador, comandante militar. Era o primeiro nobre, que
reunia todos esses tributos nos quais lhe davam o poder de chefiar sua tribo.
Não existia a figura de um rei propriamente dita, mas sim de um chefe tribal.[2]
O
senado era composto pela parte aristocrática do povo romano, os patrícios, nele
estariam presentes pessoas em sua maioria mais experientes, mais vividas, que
já haviam perdido a lucidez e por isso talvez fossem mais respeitados, os mais
velhos. Geralmente eram os chefes dos seus clãs familiares e assim podendo
fazer parte da co-gestão da cidade. Podiam também ser pessoas mais jovens, mas
isso era raro, só aconteceria por esse cargo ser herdado hereditariamente e
faziam com que quando o senador que representasse seu clã falecesse outro de
sua linhagem assumisse, mesmo estando em idade militar.
Quem
era o encarregado de escolher os senadores eram os censores, faziam o chamado álbum senatus, a partir das
magistraturas outorgadas pelo povo, ou seja, os censores eram encarregados de
ratificar um ato já consumado, tinham a tarefa de escolher dentre a população
romana os mais ricos, a elite de um povo que se destacava pela experiência,
pela idade, pelo nascimento, todos constituídos por uma ordem de consideração
social. Os senadores representam, portanto, Roma e suas tradições, encarnavam
uma identidade moral da coletividade dos cidadãos compostas em uma assembléia
popular.
Dentro
das atribuições do senado, se destacavam duas. A primeira eram as de cunho
religioso, eles ficavam encarregados de fiscalizar a realização de cerimônias e
dos ritos, e autorizavam ou não o culto de novas divindades. A segunda diz
respeito a questões da administração material, compete a decidir negócios
referentes às despesas do Estado, a gestão dos bens da cidade, cabendo-lhes a
criação de colônias acarretando a doações de terras tiradas do domínio público.
Outro
segmento político que era importante no contexto social romano foi a Comitia Curiata, era também uma
assembléia aristocrática, mas que diferente do senado era formada por jovens, ainda
em idade militar, assim estando ali por serem jovens demais para serem
senadores. Eles não tinham o mesmo poder de imposição que o senado tinha, mas
constituíam um centro de debates que querendo ou não tinha sua importância
dentro do contexto político romano. Imagino que era uma espécie de treinamento
para a formação de senadores.
Uma
historia que retrata bem um marco na efervescência política romana, contada por
Titu Lívio, foi o caso de Tarquínio Soberbo, ele era um Rex, considerado um
déspota, e conseqüentemente espalhou sua tirania por toda a sociedade romana,
gostava de roupas extravagantes, luxuosas, ou seja, gastava muito dinheiro
público com seus caprichos, seu reinado existiu a aproximadamente 509 a.C.
Tarquínio
se apaixonou por uma matriarca romana, Lucrecia, ele a violenta, ela não fica
calada e o denuncia a violência sofrida por ela a sociedade romana, fazendo com
do ato dele um descumprimento das regras de sua sociedade, significava que a
família do Rex não reconhecia mais os princípios impostos em Roma, sendo assim
por essa violação, ele foi deposto. E Lucrecia ficou conhecida como um símbolo
da revolução republicana romana. “Moral da história; Rei bom é aquele que
reconhece suas próprias leis”.[3]
Com
a insatisfação patrícia com o sistema de governo vigente, o Rex dominava grande
parte de todo o poder Romano, e esse poder era extremamente cobiçado por essa
classe aristocrática, como detinha a supremacia econômica os patrícios então
estudaram formas de tomar o poder das mãos do Rex, e foi com a queda de
Tarquínio o soberbo que eles viram a oportunidade de instaurar a republica.
A
Roma republicana (509 – 27 a.C) surge com a ideia principal de instaurar um
governo que os poderes não ficassem nas mãos de uma só pessoa, como era o caso
do Rex, mas que o povo agora iria ter uma participação maior no jogo político.
Em contrapartida os únicos a ter uma representatividade destacada seriam os
patrícios, eles tinham o direito chamado de libertas
(a liberdade de gerir a cidade). Tudo isso fez parte da revolução republicana
romana. O sistema republicano ficou marcado como um período de constante
turbulência política e social foram muitos arranjos e desarranjos durante os
séculos que esse sistema político sobreviveu.[4]
O
poder republicano seria gerido por dois cônsules (primeiro entre os iguais),
eles eram referendados pelos senadores e tinham mandato de um ano, que por sua
vez lhes davam grandes poderes, e assumiam o papel de chefes de Estado. Os
cônsules tratavam de tudo dentro da sociedade romana, um cuidava da parte mais
voltada para o militarismo e o outro com um olhar mais focado na organização
social. Durante a Republica o senado ainda continuou a ser o órgão com mais
poder dentro de Roma, até por que era a base da aristocracia e detinham os
velhos patrícios que tinham seus cargos vitalícios. Além dos cônsules existiam
agora outros cargos que integrariam o governo, como os pretores que cuidavam da
justiça, os censores uma espécie de conservadores que representavam a população
de acordo com os níveis de riqueza e ficavam responsáveis por zelar as
tradições desses, além dos pontífices que tinham grande destaque por cuidar de
assuntos do interesse de todos: a religiosidade.
Dentro
desse novo estilo de governo existia agora a figura do Dictator (Ditador), uma função excepcional, quando as coisas não
fossem bem assumiria o poder que estavam nas mãos dos cônsules e tentariam
tirar Roma de situações de crise, ficando responsável por todo destino que a
cidade tivesse após sua tutela. Suas decisões estavam acima de qualquer veto e
exercia um poder absoluto tanto nos cidadãos, como nos magistrados. Essa
escolha partia de um dos cônsules e o convite era feito pelo Senado, que viam
nesses patrícios características que o confiassem a restauração da harmonia do
seu povo, além de ser patrício, ele teria que pertencer ao senado. A escolha
poderia pegar o patrício de, mas ele ficaria obrigado em consciência a assumir
a responsabilidade.
Talvez
o que mais retrate a visualização desse que seria o salva-vida da republica
romana esteja em uma narrativa mitológica contada mais uma vez por Titu Lívio,
é a história de Bruto e Cincinato. Uma espécie de homens símbolos esses dois
constituíram o imaginário do povo romano e representaram a figura de um romano
“perfeito”, porém com personalidades distintas.
De
um lado está Bruto, já com idade madura, rígido, bravo, com uma boa vivencia,
responsável e batalhadores, aqui diferentes dos gregos não idealizavam beleza e
sim a maturidade. Já Cincinato, um patrício que foi um possível dictator, vivia
em suas terras na calmaria de um homem trabalhador, sustentando sua família, e
em um inesperado chamado do senado, foi convocado para ser um dictator, num
momento de crise, o epicentro da crise seria uma batalha que o seu povo estava
travando, feito o convite e aceito, Cincinato fez jus a expectativa em torno do
seu nome e restaurou a harmonia daquele período e entregou novamente o cargo os
cônsules, e voltou para suas terras. Olhando para esses dois, Roma, tinha em
Bruto a imagem idealizada e em Cincinato a história de vida.[5]
A
margem de todo a constituição política romana os camponeses, comerciantes e
artesões estavam em condições que não lhes agradavam nem um pouco, e foi a
partir dessa insatisfação (que começava desde a negação dos auspícios) as pessoas
da plebe começaram a se revoltar com a situação de desigualdade política que
existia em Roma. A população plebéia era maioria, e seu trabalho servia como a
força motriz da economia romana.[6]
Por
terem seus direitos negados foram inúmeras as revoltas dos plebeus e uma delas
foi do Monte Sagrado (433 a.C), nessa revolta os plebeus se refugiaram no Monte
ameaçando fundar outra cidade e deixaram os exércitos (a base do exercito
romano era feita de soldados plebeus) foi nessa revolta que os patrícios mais
uma vez perceberam a importância do povo plebeu, que só saíram de lá depois de
muita negociação com os patrícios, e claro nessa estava em pauta melhoria na
condição de vida. As exigências dos plebeus e a visualização da importância
deles pelo patriciado fizeram com que muitos dos pedidos da plebe fossem
atendidos, a começar pela figura do tribuno da plebe.
O
tribuno da plebe foi talvez a figura mais representativa da revolução política
romana, pois colocava uma população historicamente inferior (plebe) a uma
elitizada (patrícios) de uma maneira, não igualitária, mas com condições jamais
vistas em outros povos até então. Ele seria inviolável, e teria como principal
função atender as vontades do povo plebeu, e que quando essas vontades eram
desrespeitadas de forma desregrada pelos magistrados patrícios, eles entrariam
em ação.[7]
Esses, que
exerce à vontade, sem ter de revelar os seus motivos, possuem designações e
tomam formas diversas: auxilium, isto
é um “socorro” ao cidadão atingido ou ameaçado por um magistrado, a intercessio contra um ato ou decisão,
que vai até o veto prévio interposto a um projeto de lei. Acrescentasse a tudo
isso, que é negativo e destrutivo mesmo, desde a sua origem, um único direito
de ação positiva: o de reunir decisão: ora, desde o inicio do século III a.C.,
as decisões da plebe tem força de lei. (AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 163.)
Além
do tribuno da plebe ou plebeus também tiveram ao longo do período republicano
muitas conquistas como o influxo de comerciantes estrangeiros, incentivos a
artesões qualificados esses de ordem econômica e outros de representação
legislativa como a Lei Canuleia que dava o direto de casamento entre plebeus e
patrícios, Leis de Tribunos Licínio, dava direito aos plebeus que lutassem e
conquistassem terras pudessem assumir essas terras como posse, anteriormente só
os patrícios poderiam assumir terras provenientes de batalhas, e também e a
mais conhecida que foi a Lei das Doze Tabuas.
A
Lei das Doze Tabuas revolucionaram o seu tempo, pois antes as leis eram mais
regidas pela oralidade, e ela foi a primeira a grafar seus escritos em pranchas
de bronze, nela estavam regimentos que diziam a maioria aspectos de organização
da vida cotidiana, e diretos que cabiam a cada cidadão até questões maiores
como o caso de venda do filho, no qual o pai só poderia vender o filho três
vezes depois disso o filho estaria livre do pátrio poder.
A
sociedade romana crescia tanto politicamente como também sua população e Roma
começou a formar um império gigantesco, sua expansão é avassaladora, a força de
seu exercito é agora o foco principal de uma sociedade que passava por uma
efervescência política e vivia naquele momento uma necessidade de expandir-se
tanto em território quanto economicamente, uma vez que sua população estava
crescendo e dependendo de mais terras e de mais pessoas para trabalhar. Primeiro conquistou a vizinhança, a Itália, e
depois começaram a grande expansão.[8]
[...] Conquistadores colocados em face dos
problemas levantados pela ação das conquistas sobre as condições de sua vida
individual e coletiva: a civilização de uma cidade rural constrangida a
tornar-se a capital de um império: o triunfo de novas formas econômicas e o
desequilíbrio social que provoca; a crise do antigo sistema político agora
inadaptado: o relaxamento das velhas disciplinas; a importância das forças do
passado e a manifestação das do presente; tal é o espetáculo que Roma
republicana oferece e que seu sentido real carrega de uma força independente de
certas peripécias, às vezes, dramáticas. [...] (AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da
unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.118)
Dos
impérios que foram dominados por eles, as únicas regiões inicialmente que são
preservadas pelos romanos são as gregas, já que o helenismo estava enraizado e
mesmo nesse território ainda tiram proveito de uma aquisição cultural, já estável
e de um movimento iniciado. Porém deixou (já com a guerra em andamento) de lado
essa idéia tanto pelo orgulho de seu povo e de seus governantes.
Roma
começou a guerra em parte para defender os interesses do helenismo ocidental:
terminou-a como inimiga, ou, pelo menos, como rival dos reinos helênicos do
Oriente. No inicio, ainda estava aberta a todas as correntes do helenismo; no
fim, fechara-se sobre si mesma, endurecida pela vontade de resistir, orgulhosa
de ter triunfado sobre Aníbal, chefe genial formado na escola tradicional e, em
vez de se abandonar a corrente que há vários séculos a arrastava para o
helenismo esforça-se por confiscar em seu proveito, mais do que assimilas
francamente, uma civilização cujo declínio vai se precipitado pela sua política.
(GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp.41-42)
A
aquisição da Itália, da Dalmácia, Gália, Espanha e África, trouxeram grandes
compensações territoriais e também demográficas (de grande importância, tanto
na parte escravocrata quanto na renovação de seu exercito). Agora a área que
Roma mais cobiçou foi à região de Cartago, extremamente importante por sua
localização e por ser um grande centro comercial. Primeiro com a conquista da
Sicilia e depois contra a Espanha, as guerras púnicas ganham seu ápice na
guerra entre romanos e cartagineses. Cartago era uma região descendência
fenícia e foi o primeiro grande foco das ações militares romanas, localizava-se
no centro do Mediterrâneo, a prosperidade e a capacidade comercial desse povo
chamou, e muito, a atenção dos romanos que em que travaram uma batalha que
durou quase 118 anos (264 a 146 a.C). Vencida por Roma essa batalha abriu o
horizonte para a dominação do Mediterrâneo Ocidental e Oriental.
As
principais causas de todo o expansionismo romano estão vinculadas a necessidade
de adentrar nas terras vizinhas, e principalmente quando viam fertilidade
nessas localidades, também a necessidade de abrir os horizontes comerciais,
além da ostentação de matérias primas que essas localidades poderiam trazer.
Com toda essa extensão territorial Roma vai se tornar o centro de todas as
ações políticas e econômicas, uma vez que corrente da riqueza passava por ali,
todas as colônias a serviam, era um circulo vicioso no Mar Mediterrâneo que
estava nas mãos dos romanos.
Nada
adiantaria, nem mesmo o orgulho romano, a sede de expansão por novos
territórios, a consolidação de uma região que emergia numa grande revolução
política, sem que Roma apresenta-se um exercito forte, e esse exército romano
ficou na história como um das maquinas militares mais impressionantes de toda a
humanidade. Foi muito difícil de ver em outras civilizações da antiguidade que
conseguissem reunir em seus exércitos tanto pessoas, cidadãos, prontos para o sacrifício
honrando sua pátria, e também homens com uma qualidade técnica incrível e um
profissionalismo fora do comum. Roma a partir dai criou uma sociedade voltada
para lutar.[9]
Antes
de tudo, é bom visualizar que o exercito romano, assim como muitos exércitos na
antiguidade, não cresceu de um dia para o outro, e assim como para cada fato
histórico tem que se ter uma causa, um desenrolar, e não foi diferente com o
exercito de Roma. O ponto chave para a consolidação do militarismo daquele
império foi à oportunidade de guerrilhar com os Samnitas, ai vimos o
amadurecimento que aquela estrutura militar precisava para alavancar sua
supremacia, longe da barra da saia das redondezas italianas.
[...] As
Guerras samnitas foram uma dura escola para o exercito romano, que se tornou
muito mais solido, mais flexível, treinado para suportar operações de longa
duração muito diferentes das expedições organizadas contra cidades próximas de
Roma. As legiões começam a percorrer a península, a transpor montanhas e
florestas, e todos os obstáculos naturais que, até então, tinham limitado a sua
acção. [...] (GRIMAL, Pierre. A
civilização Romana/La Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp.
38)
É
de grande valia visionar a organização de seu exercito que sempre estava
preocupado em qualificar seus legionários (os escolhidos) do que colocar um
exercito numeroso sem a técnica da luta e a inteligência para entender os
perigos da batalha, tanto é que já aos dezessete anos, os rapazes que forem
indicados pelos cônsules vão treinar na infantaria, porém os jovens de boa
família servem na cavalaria ou no estado-maior, não na infantaria, e é entre
eles que se escolhe os tribunos militares que eram eleitos pelo povo ou
designados pelo general, e ficavam encarregados de ser uma voz de destaque
durante o prosseguimento das batalhas, eles eram representantes de uma força
maior que vinha das altas patentes governamentais.[10]
Outra
característica louvável do exercito romano diz respeito à capacidade de
adaptarem-se as condições de batalha absorvendo nuances de guerreiros de outros
povos, assim além de qualificar seus homens esses mesmos estariam com a
vantagem de ter todo um aparato de armas diversificado, assim tendo mais
alternativas durante a batalha.
Refira-se,
então, aos empréstimos que, na realidade, foram numerosos e variados: dos
gauleses, o escudo oblongo e adulado dos legionários; dos Samnitas, o pilum constituído por um ferro afilado
fixo numa haste de madeira, bastante leve para que cada soldado pudesse
carregar dois, bastante equilibrado, apesar de seu comprimento de mais ou menos
dois metros, para ser atirado só com a força do braço contra a força de batalha
inimiga; dos iberos, o gládio curto, capaz de talhar e também de apunhalar; dos
gregos, as armas de cavalaria, lança com duas pontas metálicas, couraça e
solido escudo; dos gregos ainda e dos cartagineses, as máquinas de guerra.
(AYMARD, André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993.
pp.137-138).
O
exército Romano se destacou, também, pela sua grande capacidade de
planejamento, uma vez que seus soldados percorriam milhares de quilômetros para
guerrilhar e teriam que ter uma organização, tanto na batalha quanto no momento
de descanso, assim muitas vezes quando iam descansar eles primeiro viam a
situação do local e depois faziam de tudo para que sua estadia ali fosse bem
sucedia. Nessa pratica destacaram-se principalmente o desenvolvimento de grandes
“acampamentos”.
[...]
Louvou,em particular, o seu sentido de organização que se afirmava no
recrutamento e na mobilização: a preocupação de não estacionar o exercito em
qualquer lugar, mesmo por uma noite, sem construir, primeiro, um campo com
disposição regular, cercando-o de uma vala, um talude e paliçadas; o juramento
prestado pelos soldados no inicio de cada campanha; a força da disciplina,
acompanhada de severos castigos, incluindo, até a primeira metade do século II
a.C., as chibatadas e a morte; as recompensas sob forma de coroas, decorações,
armas de hora cujo porte designa a seus concidadões grande feito. [...]
(AYMARD, André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. Pp.
138).
E
todos esses sacrifícios vinham acompanhados com premiações, para quem realmente
fizesse por onde estar no exercito mais preparado do mundo naquela época, e
também de castigos que serviam como um modo de disciplinar todos aqueles
soldados, como também para valorizar o trabalho daqueles que estão seguindo no
trilho correto.
O
batalhão, ou a legião mais famosa de Roma foi à do século II a.C., o seu ápice
militar chegara de forma avassaladora, até então, o conhecimento sobre o
exercito romano, principalmente dessa legião é trazido por Políbio e Tito
Lívio. O grande trunfo desse exército foi poder aliar a flexibilidade,
agilidade e organização dentro de um contexto único. “Constitui a uma legião um pequeno exercito capaz de combater sozinho” (AYMARD,
1993. P. 139). Seguramente o setor de
maior destaque no exercito romano foi sua infantaria, a flexibilidade fez com
que o exercito romano fizesse uma das formações de mais sucesso durante as
batalhas, eram as falanges compactas.[11]
Flexibilidade,
na articulação de cada uma dessas linhas em dez manípulos de vinte centúrias.
Tal articulação é talvez muito antiga. É pelo menos, durante a segunda guerra
púnica, que se fixa definitivamente a tática denominada “manipular” pelos
historiadores modernos. Cada linha, com intervalos entre os manípulos de uma
mesma linha e uma mesma disposição em xadrez de linha para linha, entra em
combate na sua hora, sem desordem, enquanto cada manipulo aproveita a
oportunidade e se desloca para apoiar seus vizinhos que fraquejam ou para
explorar os acidentes do terreno, os recuos e os rompimentos da frente inimiga.
(AYMARD, André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.
139-140).
A
escolha do batalhão romano passava por diversos critérios e um deles era o
tamanho de seu legionário. Um home de 1 metro e 90cm e um outro de 1metro e 70
cm, qual desses faria parte da maioria da infantaria romana na formação das
falanges? Se engana quem pensa que seria o “altão”. Seria mais fácil, para um
leigo, associar o tamanho, a força, ou a envergadura como os critérios de
escolha para os famosos soldados romanos, mas na verdade eram os “baixinhos
truncados” que formavam a maioria no exercito de infantaria, por uma questão
lógica; durante a falange os soldados formam uma espécie de “casulo”, onde
todos ficavam agrupado e juntavam seus escudos como forma de proteção mutua,
deixando suas lanças para fora, dando a impressão de um porco espinho, e para
tal formação dar certo seria necessário que os soldados fossem “compactos”,
pois a extensão do escudo o cobriria e fazia com que tanto os ataques com
lanças, quanto com flechas ficassem mais difícil de penetrar.[12]
Olhando
por todos os ângulos o exercito romano era quase invencível, porém, havia um
ponto fraco na maquina de guerra de Roma: a sua frota marítima. É até
desconcertante ver que Roma conquistou o Mediterrâneo sem ter uma frota
propriamente dita. Em contraponto com sua grande rival Cartago que tinha um
belíssimo esquadrão naval, os romanos não tinham a mesma força, talvez por
desinteresse, ou por falta de uma indústria naval forte, ou até mesmo por
garantir-se em demasia em seu exercito, mas a verdade é que isso custou caro
para eles.
[...]
Está derrota prolongou a guerra. Uma serie de reveses das frotas romanas resistiu
a Cartago o domínio do mar. A partir daí, as principais operações
desenrolaram-se na Sicilia, sobretudo à volta de Palermo. Pela parte de
Cartago, eram conduzidas por Amílcar Barca que, beneficiado da supremacia naval
de Cartago, organizou muitos ataques de surpresa às costas italianas. Até ao
dia em que Roma, já farta, construiu uma frota nova com qual o cônsul C.
Lutatius Catlus obteve sobre os Cartagineses a vitoria decisiva das ilhas
Egatas, na Primavera de 241. Cartago, esgotada por uma luta que há vinte e três
anos, não insistiu aceitou a paz. [...] (GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70.
1984. pp.40)
A
derrota ai mostrada foi uma expedição feita por Roma a Cartago e locais da
África, por volta de 260 a.C., na qual os romanos já estavam empolgados com as
vitorias na Sicilia e em Mylea, decidiram se aventurar em terras cartaginesas
se deram mal. No entanto, na mesma passagem podemos perceber que a questão da
fragilidade da frota marítima de Roma era mais uma questão de falta de foco,
eles tinham como prioridade seu exercito, mas quando queriam, ou seja quando
era de seu interesse davam a sua frota a devida importância eles tinham êxito.
Isso mostra que a força da riqueza dos romanos era tanta que conseguiam
construir navios e fazer frente a uma civilização historicamente bem
estruturada na questão naval, que era Cartago.
Depois
de todo império construído por uma grande força militar e uma política externa
fragmentada, Roma começou a conviver com os problemas causados pela extensão
que havia ganhodo e isso gerou a ruína de um sistema governamental que
revolucionou todo um período na antiguidade. Para entendermos como ocorreu a
crise e a morte da Republica, temos que enveredar por um grande complexo de
explicações que fizeram de Roma uma sociedade em uma incansável expansão e uma
grande e evolução política, social e econômica. Além de rica aquela sociedade
era o centro de todo um império, todas as rotas financeiras impreterivelmente
passavam por ela. A riqueza virou Roma de cabeça para baixo, agora existia um
abismo social jamais visto, até a estratificação social romana ganhou novos
ares, surgia assim uma sociedade que valorizava o luxo e poder financeiro, a
corrupção e a avareza, todas essas espécies da mesquinhez humana estavam
presente ali.[13]
Os
nobres estão enriquecidos e os soldados que estavam na luta, os que suaram e
deram o sangue, quando voltam para casa já estão sem suas posses que hes foram
tiradas pelos ricos proprietários que não respeitaram nem aqueles que lutaram
para Roma ganhar tal notoriedade econômica e territorial. Surgia com isso a
necessidade desses que fizeram parte das batalhas terem de sair do campo para
tentar viver nas cidades servir aos patrícios, os que ainda estavam bem
financeiramente, por que até os patrícios estavam perdendo espaço como classe
unanimemente rica. Existia nesse momento uma grande expansão do clientelismo,
pois muitos desses que perderam suas terras iam trabalhar para os patrões
patrícios enriquecidos e de alguma forma isso também ajudou para causar mais
uma problemática na Roma expansionista.
Aos
patrícios, talvez a única forma de supremacia que sobreviveu firmemente até ali
foi a de caráter religioso, no qual acumulavam funções sacerdotais.
Toda
essa situação propiciou uma nova classe aristocrática à chamada de nobilitas, eram muito ricos e tinham o
controle das magistraturas, fazendo com que eles tivessem privilégios enormes
dentro daquela sociedade, era uma espécie de nobreza que compreendia chefes de
família que estavam inseridos no Senado, partindo desde famílias patrícias a
famílias plebéias. Mesmo sem o estado reconhecer esse tipo de pratica, os nobilitas tinham um tratamento
diferenciado dos demais, era o caso do monopólio do anel de ouro (naquele
momento, por que depois se estendeu sobre vários outros setores sociais) ,
usavam uma túnica diferenciada das demais (a faixa púrpura era costurada de
cima para baixo e era mais larga), só eles poderiam usar sapatos vermelhos, e
outro fato agora com mais relevância tinham o direto da jus
imaginum[14],
ou seja o direito das imagens, eram os únicos que levavam mascaras dos seus antepassados de sua família para
cortejos fúnebres.
[...]
Impossível negar a importância jurídica das concessões arrancadas pela plebe ao
patriciado no decorrer de seu longo conflito. Mas essas reformas haviam
beneficiado principalmente os chefes da plebe, isto é, os que se encontravam,
de fato, em posição igual à de seus adversários. Satisfeitos, davam mostras do
mesmo espírito de casta que pesara sobre seus antepassados; ainda que plebeu, o
pai dos Gracos, duas vezes cônsul e uma vez censor, não tinha menos orgulho ou
menos rigidez para com os humildes do que qualquer patrício. [...] (AYMARD,
André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.
139-140).
Além
dos nobilitas existiam os éqüites, ou
cavaleiros, seu significado que antes
estava mais voltado para questão militar agora ganha um novo sentido o de
denominar a alta burguesia, eram cidadãos ricos que não pertenciam ao senado e
que de alguma forma tinha privilégios um pouco semelhantes aos dos
nobilitários, eles podiam usar o anal de ouro e também teriam direto a ir a
lugares especiais por ocasião das representações teatrais.[15]
Além
de todo o abismo social que existia em Roma depois de todas as conquistas que
havia conseguido, outro grande problema foi o numero assustador de escravos que
os romanos tiveram de abrigar, justamente por conta das guerras que eles
travaram e ainda por cima em alguns casos as batalhas traziam até os
sobreviventes de cidades tomadas por assalto. Era uma verdadeira massa
populacional que adentrou em Roma e isso lhe acarretou problemas que era um
inchaço urbano e ainda por cima esses escravos eram submetidos a castigos
severos. Para se ter uma idéia a população Romana cresceu muito na expansão,
mas a quantidade de escravos cresceu e uma escala muito superior, em 225 a.C a
população era de aproximadamente 4.400.000 cidadãos para 600.000 escravos, anos
depois em 43 a.C, existiam ali 4.500.000 romanos para 3.000.000 de prisioneiros
de guerra, ou seja, a discrepância entre o período inicial da expansão e após
seu ápice, com isso as indústrias e o comercio começaram a ter seus negócios
intimamente ligados ao trabalho dos escravos, e cerca de 120.000 faziam parte
do exercito.[16]
Com
essa vida em grupo e com as desvantagens e sofrimentos que ali passavam o
escravo começou a tomar consciência de sua dentro da força de trabalho romana e
também começaram a reivindicar por melhores condições de vida, muitas vezes
liderados por escravos mais esclarecidos que vinham das elites sociais de seus
países de origem e agora tinham a idéia de guerrilhar contras os romanos como
um modo de impor suas idéias de melhoria a partir do uso da força. As primeiras
guerras tiveram palco Sicilia e na Itália meridional região que propiciavam
grandes propriedades. A mais famosa foi a comandada por Espártaco - O contraponto
disso tudo é que estavam de um lado à numerosa massa de revoltados com a cara e
a coragem e do outro estavam às legiões romanas altamente preparadas e
equipadas, que tinham como um dos seus princípios que não era necessário terem
um exército muito numeroso se não tivesse bem preparado. Depois dessas guerras
em localidades romanas e com o grande contingente populacional de escravos e a
multiplicação das alforrias fizeram a quantidade de escravos diminuir muito já
no declínio econômico italiano.[17]
No
entanto o que mais impressiona em Roma é a quantidade de pessoas que vagavam
pela cidade sem fazer nada, talvez seja a sociedade da antiguidade que tenha
mais casos de parasitismo e ociosidade, pessoas pobres que não se esforçavam
para trabalhar e viviam à custa de pessoas ricas e do Estado. Essa ociosidade
foi gerada principalmente por duas praticas bem conhecidas, uma era a clientela
e a outra era a verba estatal. A clientela havia perdido o seu sentido
primitivo e agora servia para aquelas pessoas que não faziam nada tivessem em
que se escorar, virou uma verdadeira banalização do sentido do cliente, uma vez
que agora poderiam ser escolhidos patrões independentemente da tradição
familiar e esses patrões eram obrigados a dar a “espórtula”, era uma espécie de
cesta básica que os clientes ganhavam e com o passar do tempo nessa pratica
foram acrescidas moedas. A outra vertente para explicar o parasitismo foram os
banquetes que eram distribuídos pelo Estado, e esses banquetes já faziam parte
de uma receita já guardada pelos governantes.[18]
Toda
essa desigualdade social, a ociosidade, o parasitismo, as guerras servis, a
pobreza, tudo isso só foi potencializado ideologicamente quando os irmãos Graco
adentraram na história romana, proporcionando um campo de discussão e materialização
de políticas publicas para melhoria de toda essa problemática.
Primeiro
com Tibério Graco (133 a.C), um tribuno da plebe, que tinha como seu principal
objetivo, como tribuno, o de defender as causas dos pobres, numa sociedade
extremamente elitizada, ele tentou incentivar a criação de leis que
reformulassem a distribuição de terras que certamente tinha como principal foco
a melhoria de vida das pessoas mais necessitadas, a essa lei e os outros
projetos idealizados proporcionaram ao povo romano ter o primeiro lapso do que
nós conhecemos hoje por reforma agrária. Essas idéias de Tibério, como já era
esperado, foram rejeitadas com vigor pelas oligarquias, e pessoas dentro do
Senado fizeram um motim e o assassinaram-no. O seu irmão Caio Graco (121 a.C),
foi também tribuno da plebe, e tentou enveredar pelo mesmo caminho de seu
irmão, porém com as idéias de Caio tiveram outras proporções e de alguma forma
tentou fazer uma reforma profunda no Estado e com varias medidas teve o
objetivo de reduzir os poderes do Senado. Algumas medidas foram tomadas por
Caio como: lei frumentária garantindo trigo a baixo preço, uma lei agrária,
fundações de colônias de cidadãos romanos, limitação do serviço militar,
trabalhos públicos para reduzir o desemprego.
Todas essas medidas fizeram dele uma grande figura popular, porém ele em uma de
sua ultimas idéias propondo que todos os Italianos tivessem cidadania romana,
isso fez com que o Senado declara-se ele um fora da lei e com isso foi
perseguido e morto, assim como seus seguidores. Talvez o grande marco da crise
tenha sido realmente os assassinatos dos irmãos Graco.[19]
Tal
era o sistema. Simples em seu esquema, suscitou, na pratica, dificuldades às
quais logo se apegou a oposição. Foi ela infatigável e sua obstinação provocou
incidentes que, como a morte de Tibério Graco, em 133 a.C, e a seu irmão, em
121 a.C., incluem-se entre os mais violentos da história interna de Roma. Às
vezes obteve ganho de causa, sem que jamais ousasse anular os princípios
expostos, sua aplicação ficou suspensa ou retardada, ou restringida a regiões
excêntricas, secundarias aos olhos da nobreza. Mas mediante longa serie de leis
agrárias, a reforma acabava sempre sendo retomada, emendada, ampliada da
maneira mais favorável a seus beneficiários. [...] (AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da
unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.235-236).
Depois
do ocorrido com os irmãos Graco, houve agora uma explosão do conceito e a
pratica do partidarismo político, uns se dividiam em partidos populares e
outros em postos mais conservadores. E foi dentro desse contexto que ocorreu o
primeiro episódio de guerra civil em Roma, que envolveu Mário, um campeão do
partido popular, que já tinha sido eleito sete vezes cônsul e gozava de glorias
militares, do outro lado estava Sila, um conservador nato, queria de todas as
formas dar mais poderes aristocracia e foi com o apoio dos aristocratas que ele
conseguiu vencer Mário numa das batalhas mais sangrentas que Roma presenciou.[20]
Com
essa vitória Sila assume o poder no primeiro grande golpe de estado, uma de
suas primeiras medidas é a restauração da supremacia do Senado, implantou uma
forma de governo chamada senatorial, nessa os poderes cairiam nas mãos dos
magistrados aristocratas alternando de grupo para grupo de família para
família, e fez o que mais queria dar poder as oligarquias, ele instaura também
um governo ditatorial, tinha poderes extraordinários que o fizeram um rei sem
coroa.
Se
de um lado ele teve seu olhar para os ricos, os tribunos tiveram serias
restrições e a plebe foi extremamente prejudicada tendo a maioria de suas leis
derrubadas. Com todos esses poderes que Sila tinha ele até poderia prosseguir
por muito mais tempo como ditador, mas resolveu abdicar e saiu do poder. As reformas
feitas por ele não resistiram muito tempo e acabaram sendo dissolvida em um
curto espaço de tempo, até por que estava indo de encontro com uma corrente
política que estava já enraizada.
O
governo senatorial, logo depois da saída de Sila, assumiu a responsabilidade de
dar prosseguimento a estrutura estatal que seu fundador tinha em mente, mas
devido as pressões não só dos plebeus mas também da burguesia abastada e dos
cavaleiros, o Senado logo devolveu os poderes antes perdidos pelos tribunos e
dentro de toda essa concessão também deu a um só homem a responsabilidade de
conduzir o boa partes das funções do Estado seria um magistrado mas que suas
funções ultrapassava tal denominação, esse individuo foi Pompeu. Logo após de
assumir ele tratou logo que acabar com a pirataria que imperava naquele momento
nos mares do mediterrâneo e também selou a paz no Oriente, assim como fim a
guerra contra Mitrídates.
No
entanto esses êxitos não melhoraram a situação de crise econômica que o Estado
estava passando, além disso a economia estava mais voltada para o Oriente,
fazendo com que as empresas que importavam ficavam tão incumbidas com o Oriente
que o que sobrava de credito era supervalorizado o que dificultava a vida dos
pequenos e médios proprietários rurais. Tudo isso além dos outros tantos
problemas fizeram surge revoltas, e essas causaram danos que foram feitos
principalmente por incêndios e massacres.[21]
Dentro
desse contexto de revolta surge à figura de C. Julio Cesar, um jovem que fazia
parte do Senado e estava concorrendo a uma vaga no consulado. Cesar juntou-se
com os aristocratas e estancou as batalhas campais que estavam acontecendo e
com isso ganhou o apoio dos mais ricos. Cesar na verdade foi um grande
oportunista, para conseguir seus objetivos aliou-se tanto com os aristocratas,
mas também não deixou de tentar se aproximar dos plebeus.
Pompeu
aliou-se com Cesar e Crasso (companheiro de Sila, batalhou ao seu lado em 72
a.C., encarregado de combater Espártaco) para formar o Triunvirato que sem
qualquer reconhecimento do governo instaurou em beneficio e interesse dos
próprios seus fundadores, e talvez tenha sido aceita pela falta de uma energia
firme das instituições que já existiam além do desgaste que vinham sofrendo. O
triunvirato que teoricamente seria um palco de constantes discussões pela busca
por soluções de um império em crise virou uma espécie de cobiça de ambições
individuais.
Cesar
foi eleito cônsul durante o ano de 59 a.C. e foi logo buscando a popularidade
formulando leis e decretos que fossem beneficiar os menos favorecidos, ordenou
a votação de leis agrária e reduziu os privilégios dos governadores. Cesar que
já fazia estragos pelas cidades gaulesas de Bibracte, Avaricum, Besançon e por
fim, Alésia e não tinha medo de se aventurar e galgar mais territórios. Crasso
foi para uma expedição contras os Partos e acabou morrendo na batalha em
Carres. Pompeu estava de olho no primeiro lugar do Triunvirato e tinha o apoio
da aristocracia. Sabendo do interesse de Pompeu em derrubá-lo Cesar arma
campanhas fulminantes para agora poder governar soberano, e consegue reduzindo
a Espanha e esmaga Pompeu que foge para o Egito, mas mesmo assim é assassinado.
Depois de pacificar o Oriente e depois vai em expedições para África e Espanha,
Cesar propicia a Roma um período de paz e ver nesse momento a oportunidade de
reorganizar a política romana, colocando pessoas mais jovens no Senado, concede
o direito de cidadão a povos inteiros, tenta formar núcleos de romanização,
protege as províncias contra os excessos dos publicanos, ou seja tenta
restabelecer a ordem e a justiça. O grande erro foi não respeitar os limites
que as ocasiões lhe colocavam, o seu maior e ultimo exemplo aconteceu quando
ele foi com todo gás para conquistar o Oriente por completo atacando Partos.[22]
Mas
a realização destes vastos desígnios assentava unicamente na autoridade.
Perseguido pela recordação de Alexandre, resolve terminar a conquista do
Oriente atacando os Partos, para salvar a honra de Carres e, talvez ainda mais,
para superar a gloria do Macedônio. Mas os nobres romanos odiavam demasiado os
reis e, a 15 de Março de 44, Cesar foi morto por um punhado de revoltosos. (GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp.49)
Cesar,
mesmo cometendo o erro de ter sido ambicioso ao extremo ao querer conquistar
mais do que podia naquele momento, selou praticamente o fim da República, pois
o modo com que ele conseguiu conduzir o Estado como dictator perpetuo fez dele um marco que viria a ser seguido pelo
seu sobrinho, filho adotivo e “sucessor” Otávio, que já aos 19 anos traçava os
caminhos do tio, ambicioso mais diferentemente e até mais calejado pela
história do tio, Otávio (que depois viera mudar o seu nome para C. Julio Cesar Otaviano)
mostra que teria a paciência necessária para passar cada fase e chegar a seu
objetivo que era ser um grande governador romano.
Antes
de tudo, Otavio participou do Segundo Triunvirato, esse diferente do outro foi
legalizado e tinha como o objetivo central dar a Roma uma nova constituição e
para tal tarefa eles teriam todos os poderes que necessitassem. Além de Otávio,
os outros triunviros eram Marco Antonio e Lépido. A divisão física do império
ficou da seguinte forma: Antonio ficou com o Oriente, Lépido com a África e
Otávio a parte ocidental. Lépido a quem
já era o mais fraco em questão de influencias, cuidava mais de questões de
distribuição da demanda de alimentos, foi acusado de uma suposta traição a
Otavio teve sua participação a partir daí anulada.
Manter
o equilíbrio entre essas três forças já era uma tarefa dificílima, até por que
o grande objetivo de Otavio por sua vez tinha como sua grande meta conquistar
as terras orientais e para isso organizou toda a parte ocidental e de forma
brilhante começou a instigar a população de varias maneiras que fizessem
enxergar o governo de Antonio no Oriente como um ponto inimigo, tirano. E não
precisou de muitos argumentos para convencer a população, por que perdido no
seu sonho de governar a parte oriental Marco Antonio cometia erros que iam de
encontro com as tradições romanas, um exemplo foi dar possessões romanas a
Cleópatra e seus filhos além de se tornar príncipe e procôncul ao mesmo tempo.
Tais gestos foram bem explorados e fizeram com que a aristocracia romana
ficasse ao lado do herdeiro de Cesar. Era de um lado um governante que estava
“esquecendo” suas raízes e do outro um homem que estava protegendo a política
cultural romana.[23]
[...]
Explorando a posição comprometedora de Marco Antonio, Otavio pedia a unidade
romana, se colocando como o defensor da tradição contra a ameaça de dominação
Oriental. Para provar as intenções de Marco Antonio, Otávio divulgou as
chamadas doações de Alexandria. Ganhou a opinião publica e deflagrou verdadeiro
golpe em Marco Antonio, que lhe assegurou a sanção nacional e a manutenção do
seu comando militar para salvar Roma da ameaça do Leste.[...] (VENTURA. Gilvan.
Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural.
Vitoria/ES: EDUFES. pp.25)
E
em Accio a 2 de Setembro de 31 a.C. Otávio derrota Marco Antonio e sua mulher
Cleópatra em uma prova decisiva para que ele ,futuramente, possa conseguir o
que sempre almejou: está no poder. Ainda jovem Otavio não se desesperou e
esperou o momento certo para conseguir assumir o poder central que ele sempre
quis. Primeiro tentou mostrar para as autoridades do Senado, que mesmo quando
teve que tomar uma posição partiu somente no primeiro momento aceitar o titulo
de Augustus, e não o de rei, que
algumas forças políticas o aconselhavam sempre. Porém a sessão do Senado de 16
de janeiro de 27 a.C. em um acordo firmado entre a cidade e seus deuses, acordo
este que estava ligado à pessoa do Príncipe.
Augusto
conseguiu colocar nos trilhos uma sociedade que vinha de séculos de crise, fez
a paz voltar e conseguiu através do dialogo um canal intermitente entre o seu
governo e as outras classes que iriam desde os aristocratas aos escravos.
Talvez a grande fraqueza do sistema imperial é a dependência da capacidade
individual do governante, e essa era uma das preocupações de Augusto, ter
alguém para lhe suceder.[24]
O
reinado de Augusto durou quarenta e sete anos, e foi o marco introdutório para
os posteriores como Vespasiano, Trajano, Marco Aurélio, Diocleciano, entre
outros não menos importantes. Todos esses governos monárquicos ajudaram à forma
a identidade política romana, a republica ajudou e muito a caracterizar um
sistema de governo que mesmo apresentando uma diferença temporal grande em
comparação com a contemporaneidade nos traz a necessidade de olharmos e vermos
a influencia que cada fase dessa que é a “coisa comum a todos” se faz presente
em nosso cotidiano, em nossas leis, e em nosso senso comum.
Considerações
Finais
A
popularização de Roma como uma das sociedades que mais contribuíram
politicamente para as suas sociedades tanto contemporâneas, quanto posteriores,
fez entender a necessidade de uma aproximação entre os caminhos que levaram a
sua expansão, e o resultado desta como um caminho inevitável para a criação de
conceitos voltados para a democracia, à popularidade de governantes
contemporâneos a nós, que pegaram do discurso dos governantes romanos maneiras
de fazer política atualmente, assim como a visualização do período
expansionista como uma das obras mais celebres da historia humana, por carregar
em seu álbum imagens que vão desde discursos de inclusão social até batalhas
memoráveis e exércitos lendários.
Referência
Bibliográfica
AYMARD, André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993.
GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa:
edições 70. 1984.
VENTURA. Gilvan. Repensando o Império Romano:
perspectiva socioeconômica, política e cultural. Vitoria/ES: EDUFES.
2006.
Virgilio.
A
Eneida. RJ: Ediouro.
[1] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation Romaine.
Lisboa: edições 70. 1984. pp. 33-36. E segundo visto em sala de aula.
[2] Segundo visto em sala de aula.
AYMARD,
André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1993. pp. 175-183.
GRIMAL,
Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 34-36
[3] AYMARD, André. Roma e seu Império:
as civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.
175-183. E segundo visto em sala de aula.
[4] Segundo visto em sala de aula
AYMARD,
André. Roma e seu Império: as
civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.
115-118
Idem.
pp. 160-161
[5]
Segundo visto em sala de aula.
[6] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 35-36
AYMARD,
André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1993. pp. 162-166.
[7] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 162-165
[8] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 35-42. E AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da
unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp.119-136.
[9] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 136-143. E
GRIMAL,
Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 38-43.
[10] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1993. pp. 136-143. E
GRIMAL,
Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 38-43.
[11] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. P. 139.
[12] Segundo visto em sala de aula. E
GRIMAL,
Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. P.40.
[13] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 195-251. E
GRIMAL,
Pierre. A civilização Romana/La
Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp.33-50.
[14] Direito particular de uma
coletividade ou categoria de cidadãos e definido em relação ao direito completo
de cada cidadão romano. (GRIMAL, Pierre. A
civilização Romana/La Civilisation Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp.
304 – grifo meu)
[15] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 195-204.
[16]
Segundo visto em sala.
[17] AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da unidade Romana. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 224-230.
[19]
Idem. pp. 230-240.
[20] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 46-47. E AYMARD, André. Roma e seu Império: as civilizações da
unidade Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. pp. 144-145.
[21] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 47-51.
[22] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 47-61. E VENTURA. Gilvan. Repensando
o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Vitoria/ES:
EDUFES. pp. 21-34.
[23] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation Romaine.
Lisboa: edições 70. 1984. pp. 47-61. E VENTURA. Gilvan. Repensando o Império
Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Vitoria/ES: EDUFES.
pp. 21-34.
[24] GRIMAL, Pierre. A civilização Romana/La Civilisation
Romaine. Lisboa: edições 70. 1984. pp. 47-61. E VENTURA. Gilvan. Repensando
o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Vitoria/ES:
EDUFES. pp. 21-34.